terça-feira, 6 de novembro de 2012

Reflexão sobre o texto “Corpo, escola, biopolítica e a arte como resistência”, de Maria Rita de Assis César. (Luciana)


Não há dúvidas que todos desejamos ter corpos saudáveis e bonitos. Apesar de algumas pessoas dizerem que não ligam para a aparência física, sabemos que ela é importante, e a vaidade (natural do ser humano) quer sempre o melhor. A prova disso é a existência de tantas marcas (roupas, eletrônicos, acessórios, veículos, comidas) que a população consome.
Penso que o exagero – em qualquer lado que ele apareça – é o problema. Fixação por manter um corpo bonito é prejudicial à saúde, e pode desfigurar o corpo, assim como o excesso de alimentação. Vemos isso na indústria da moda, onde modelos super magras exibem um ar de doença por onde passam. Também há os que buscam incessantemente uma beleza construída, e podem ser vítimas de cirurgias mal sucedidas, como o recente caso da modelo Pamela Baris Nascimento, que ao morrer em uma lipoaspiração trouxe à tona o mesmo caso ocorrido a várias anônimas brasileiras. O exagero de peso também pode ser prejudicial. É de conhecimento geral que muitas doenças são causadas pela falta de exercícios físicos e muita gordura no sangue. Esses extremos podem conter beleza, e são explorados na arte, mas não são uma maneira natural de viver.

Modelo e Lucian Freud, Benefits Supervisor Resting (1994, 160x150 cm)

Outra forma de mostrar o corpo na arte pode ser a partir de suas funções, como no caso do “Lavrador de café”, de Portinari. 1934. Os braços e pernas do trabalhador são fortemente marcados, para enfatizar o serviço braçal que é realizado.

“Lavrador de café”,  Portinari. 1934


Creio que o problema da obesidade, citado no texto, deve-se muito à má qualidade dos alimentos industrializados, cheios de açúcar, conservantes e sódio. Os USA, criador do fast food, estima que 50% da sua população seja obesa. Segundo a Associação Médica Brasileira, cerca de 40% da população nacional está com sobrepeso (http://obesidadenobrasil.com.br/). Segundo Maria Rita de Assis César, o excesso de peso deteriora a saúde, e com o povo doente, o governo teria muitos gastos com a saúde, além de perder mão de obra. Porém, pressionar os estudantes nas escolas para que eles emagreçam não é solução para a diminuição das homéricas filas do SUS.
Não são poucos os casos de “gordinhos saudáveis”, o que nos leva a crer que para “medir” a saúde de uma pessoa, precisa-se muito mais que olhar sua aparência física. A “pedagogia do corpo magro” precisa ser repensada. A qualidade de vida da população não está restritamente ligada à alimentação. E qual é a qualidade dos alimentos oferecidos pela indústria? Essa é uma fatia muito grande da economia, portanto, não se modifica rapidamente.


O corpo não deve existir apenas para ser apreciado, deve sim ser usado. Para muitos ele é apenas um “transporte para a cabeça” (Ken Robinson, em http://www.youtube.com/watch?v=icfOU4VF0aQ), todavia, senti-lo e comunicar-se com o corpo é muito mais que refletir sobre ele. A maioria das pessoas não faz isso, pois desde cedo (na escola) aprenderam a desligar-se dele. “(VEIGA-NETO, 2000) Nas palavras de Kant: ‘Enviam-se em primeiro lugar as crianças para a escola não com a intenção de que elas lá aprendam algo, mas com o fim de que elas se habituem a permanecerem tranqüilamente sentadas e a observar pontualmente o que se lhes ordena’ (KANT, 1996: 16)” (CÉSAR, 2007, p. 82). Em minha opinião, não importa o corpo que cada um tem desde que o use. Ser gordo ou magro é o que menos importa, quando a experimentação da vida atinge a esfera corpórea.

Despeço-me com o desabafo de Jennifer Livingston, âncora de um noticiário americano, que foi alvo de uma crítica gratuita por causa de seu peso. Não achei o vídeo legendado, mas ela fala devagar e é bem fácil de entender.

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