Não há dúvidas que
todos desejamos ter corpos saudáveis e bonitos. Apesar de algumas pessoas
dizerem que não ligam para a aparência física, sabemos que ela é importante, e
a vaidade (natural do ser humano) quer sempre o melhor. A prova disso é a
existência de tantas marcas (roupas, eletrônicos, acessórios, veículos,
comidas) que a população consome.
Penso que o
exagero – em qualquer lado que ele apareça – é o problema. Fixação por manter
um corpo bonito é prejudicial à saúde, e pode desfigurar o corpo, assim como o
excesso de alimentação. Vemos isso na indústria da moda, onde modelos super
magras exibem um ar de doença por onde passam. Também há os que buscam
incessantemente uma beleza construída, e podem ser vítimas de cirurgias mal
sucedidas, como o recente caso da modelo Pamela Baris Nascimento, que ao morrer
em uma lipoaspiração trouxe à tona o mesmo caso ocorrido a várias anônimas brasileiras.
O exagero de peso também pode ser prejudicial. É de conhecimento geral que
muitas doenças são causadas pela falta de exercícios físicos e muita gordura no
sangue. Esses extremos podem conter beleza, e são explorados na arte, mas não
são uma maneira natural de viver.
Modelo e Lucian
Freud, Benefits Supervisor Resting (1994, 160x150 cm)
Outra forma de
mostrar o corpo na arte pode ser a partir de suas funções, como no caso do “Lavrador
de café”, de Portinari. 1934. Os braços e pernas do trabalhador são fortemente
marcados, para enfatizar o serviço braçal que é realizado.
“Lavrador de café”, Portinari. 1934
Creio que o
problema da obesidade, citado no texto, deve-se muito à má qualidade dos
alimentos industrializados, cheios de açúcar, conservantes e sódio. Os USA,
criador do fast food, estima que 50%
da sua população seja obesa. Segundo a Associação Médica Brasileira, cerca de
40% da população nacional está com sobrepeso (http://obesidadenobrasil.com.br/). Segundo
Maria
Rita de Assis César, o excesso de peso deteriora a saúde, e com o povo
doente, o governo teria muitos gastos com a saúde, além de perder mão de obra.
Porém, pressionar os estudantes nas escolas para que eles emagreçam não é
solução para a diminuição das homéricas filas do SUS.
Não
são poucos os casos de “gordinhos saudáveis”, o que nos leva a crer que para
“medir” a saúde de uma pessoa, precisa-se muito mais que olhar sua aparência
física. A “pedagogia do corpo magro” precisa ser repensada. A qualidade de vida
da população não está restritamente ligada à alimentação. E qual é a qualidade
dos alimentos oferecidos pela indústria? Essa é uma fatia muito grande da
economia, portanto, não se modifica rapidamente.
O
corpo não deve existir apenas para ser apreciado, deve sim ser usado. Para
muitos ele é apenas um “transporte para a cabeça” (Ken Robinson, em
http://www.youtube.com/watch?v=icfOU4VF0aQ), todavia, senti-lo e comunicar-se
com o corpo é muito mais que refletir sobre ele. A maioria das pessoas não faz
isso, pois desde cedo (na escola) aprenderam a desligar-se dele. “(VEIGA-NETO,
2000) Nas palavras de Kant: ‘Enviam-se em primeiro lugar as crianças para a
escola não com a intenção de que elas lá aprendam algo, mas com o fim de que
elas se habituem a permanecerem tranqüilamente sentadas e a observar
pontualmente o que se lhes ordena’ (KANT, 1996: 16)” (CÉSAR, 2007, p. 82). Em
minha opinião, não importa o corpo que cada um tem desde que o use. Ser gordo
ou magro é o que menos importa, quando a experimentação da vida atinge a esfera
corpórea.
Despeço-me
com o desabafo de Jennifer Livingston, âncora de um noticiário americano, que
foi alvo de uma crítica gratuita por causa de seu peso. Não achei o vídeo
legendado, mas ela fala devagar e é bem fácil de entender.
Obrigada Luciana pelas reflexões!
ResponderExcluirabraço
marilda