Bueno,
muchach@s, depois de um longo período sem marcar presença no blog,
chego cheinho de novidades e coisas para contar, vejam só que
beleza.
Lembro
que
na
minha
última
postagem,
enquanto
relatava
algum
dos
encontros
com
a
turma
101,
o
que
mais
me
causava
preocupação
era
a
forma
como
trabalharia
com
os
estudantes
o
tema
do
seminário
integrado
proposto
pela
escola
– violência
contra
a
mulher
– através
de
discussões
interligadas
ao
meu
projeto
– arte,
padrões
de
beleza
e
conformações
corpóreas.
Cedo
ou
tarde,
naturalmente
ou
sob
pressão
– “pluft”
– a
idéia
surge
como
um
presente
dos
deuses
(lembrando
que
alguns
deuses
são
gregos,
e
seus
presentes
conseqüentemente
também
podem
vir
a
ser).
Assim,
montei
uns
slides
lindos
e
maravilhosos
falando
sobre
a
“marcha
das
vadias”;
o
que
seria;
como
se
deu;
e
quais
motivos
levaram
a
mulherada
(e
rapazes)
para
as
ruas
protestando
cheias
de
vigor
e
energia.
Gente,
vou
te
contar!
Acho
que
nunca
na
minha
parca,
modesta
e
magrinha
experiência
em
sala
de
aula
consegui
prender
tanto
a
atenção
da
galera
e
vê-los
tão
envolvidos
com
o
que
havia
sido
proposto.
As
imagens
referentes
à
marcha
suscitaram
questões
interessantíssimas
sobre
o
corpo
da
mulher
na
sociedade.
Grosso
modo,
muitos
foram
os
motivos
que
levaram
as
pessoas
às
ruas
para
protestarem,
mas
o
pontapé
inicial
se
a
partir
da
recomendação
de
um
policial
canadense
em
uma
palestra,
indicando
que
as
mulheres
não
deveriam
vestir-se
como
vadias,
para
que
assim
evitassem
abuso
sexual.
Pensando
na
vestimenta
de
vadias,
ninguém
melhor
que
nossa
amiga
Geisy
Arruda
e
a
polêmica
gerada
a
partir
de
seu
vestido
para
complementar
o
assunto
abordado.
Os
estudantes
entraram
de
cabeça
na
conversa,
especialmente
no
que
dizia
respeito
às
mulheres
seminuas
nas
passarelas,
nas
ruas,
publicidade
e
inclusive
na
situação
“globeleza”.
Os
estudantes
foram
unânimes
ao
colocarem
que
o
machismo
impera
no
nosso
cotidiano
e
a
partir
disso,
nossa
visão
sobre
as
mulheres
acaba
sendo
modelada
de
forma
que
as
coloque
de
modo
inferior.
Contudo,
as
mulheres
deveriam
possuir
os
mesmos
direitos
que
os
homens,
ganhar
o
mesmo
salário,
serem
reconhecidas
como
ser
humano.
Ao
mesmo
tempo,
condenaram
a
atitude
da
estudante
Geisy,
afinal,
uma
universidade
ou
escola
não
é
lugar
de
vestido
curto
– os
meninos
julgam
que
uma
roupa
mais
curta
ou
decotada
tira
a
atenção
dos
mesmos,
e
a
escola/
universidade
é
um
lugar
para
estudos,
o
que
requer
maior
concentração.
No
entanto,
as
passarelas,
outdoors
e
tv’s
não
podem
ser
vistas
com
maus
olhos,
pois
as
roupas
curtas
e
inclusive
a
falta
delas
são
de
cunho
profissional,
estas
mulheres
são
pagas
para
tal.
O
diálogo
se
deu
de
uma
forma
bastante
divertida,
os
estudantes
estavam
realmente
interessados
– era
um
tema
do
seu
cotidiano
e
eles
queriam
colocar
seu
ponto
de
vista
e
defende-los
a
partir
das
colocações
contrárias
dos
colegas
– ao
mesmo
tempo,
os
questionei
constantemente
sobre
as
suas
colocações.
Especialmente
no
que
diria
respeito
a
violência
contra
as
mulheres
a
partir
disso
tudo
– quando
o
comportamento
a
partir
das
roupas
que
as
mulheres
costumavam
usar
seria
motivo
para
gerar
algum
tipo
de
violência
física
ou
moral.
Particularmente,
adorei
este
encontro
não
só
pelos
jovens
estarem
envolvidos,
participativos;
mas
principalmente
pelo
fato
dos
estudantes
terem
percebido
o
quanto
este
tipo
de
situação
(violência)
está
presente
em
seu
cotidiano
e
como
eles
reagem
ou
percebem
isso
tudo,
e
acima
de
tudo,
as
respostas
e
questionamentos
eram
sinceros
– eles
estavam
sendo
eles
mesmos.
Neste
dia,
o
rendimento
do
diálogo
com
os
estudantes
foi
satisfatório,
tanto
é
que
nem
um
terço
dos
slides
foi
apresentado.
Mas
como
tudo
que
é
bom,
dura
pouco,
o
encontro
seguinte
foi
um
encontro
“morno”
com
estudantes
desinteressados.
Seguindo
com
os
slides
tratando
sobre
a
violência
contra
a
mulher,
mostrei
aos
jovens
os
trabalhos
das
artistas
Gina
Pane
e
Marisa
Gonzáles
– duas
artistas
contemporâneas
que
utilizam
deste
mesmo
tema
para
a
elaboração
de
suas
obras
– Gina
através
da
performance
e
Marisa
com
fotografias.
As
imagens
causaram
certo
estranhamento,
especialmente
os
registros
dos
trabalhos
da
performer
em
função
da
mesma
utilizar
de
ferimentos
em
seu
próprio
corpo
para
questionar
o
papel
da
mulher
na
sociedade.
Em
meio
às
obras
mostradas,
os
estudantes
(os
interessados
ao
menos)
questionavam
sobre
como
o
publico
encarava
aqueles
trabalhos
(pergunta
devolvida
no
mesmo
momento)
e
como
as
performances
aconteciam,
como
os
museus
apresentavam
para
o
publico,
etc.
Gina Pane - Encontro com a morte. Déc. 1970. |
Obra de Marisa Gonzales. |
O
diálogo foi curtíssimo, pois a galerinha estava ansiosa para saber
como seriam os trabalhos desenvolvidos por eles, quando seriam
mostrados. Mas acima de tudo, estavam mais preocupados com o período
que teriam para produzi-los, alguns queriam começar naquele mesmo
encontro (tanto é que mal me deixaram seguir com as imagens das
obras das duas artistas).
Os
estudantes
foram
separados
em
grupos
e
assim
(alguns)
iniciaram
os
trabalhos.
Porém,
os
estudantes
esqueceram-se
completamente
das
“vadias”
e
do
vestido
da
Geisy,
eles
abstraíram
esta
parte
e
fixaram-se
no
termo
“violência”.
A
cada
grupo
que
visitei
para
questionar
sobre
os
trabalhos
me
pareceu
que
eles
estavam
mais
empolgados
com
uma
retratação
da
mulher
violentada
ou
cartazes
falando
a
respeito
do
que
com
o
que
conversamos
nos
encontros
anteriores.
Acredito
que
fiz
mal
em
não
retomar
o
que
havíamos
dialogado,
porém,
não
me
senti
livre
para
romper
com
o
envolvimento
deles
em
seus
trabalhos,
aparentemente
a
disciplina
de
artes
já
tem
uma
valorização
quase
nula
no
âmbito
escolar
e
social,
e
não
seria
eu
quem
ia
transformar
aquela
proposta
em
mais
uma
poda.
Além
disso,
acredito
que
a
discussão
gerada
através
das
visualidades
nos
primeiros
encontros
acrescentaram
muito
no
que
diz
respeito
a
reflexão
das
conformações
corpóreas
na
sociedade
contemporânea
– tema
do
projeto
desenvolvido
com
a
turma.
Os
estudantes
então
ficaram
para
livres
para
produzir
a
partir
do
seu
interesse
comum,
quem
sabe
este
e
outros
temas
mais
próximos
de
seu
cotidiano
possam
fazer
brotar
um
novo
rumo
para
encontros
que
estão
por
vir.
Muito legal Rafa teus comentários e entusiasmo com a aula anterior e triste desapontamento com a seguinte. Mas é assim mesmo, são altos e baixos... Sobre a questão do trabalho prático eu não vejo como uma poda quando interrogamos, mediamos... creio que isso só auxilia na reflexão do que estão fazendo e faz com que a teoria e a prática não andem separadas. Senão permitimos que eles façam qualquer coisa e achamos bom.
ResponderExcluirabraço
marilda