quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Sobre perguntas


   O que se faz com um mês de aula? Muita coisa. Esse semestre atípico trouxe alguns questionamentos muito pertinentes para que eu pudesse refletir a docência. Primeiramente, a descentralização dos dilemas e conflitos que anteriormente estavam focados nos alunos e que agora me trazem para o olho do furacão. A pergunta já não é só “Como despertar o interesse dos alunos nas artes?” mas também “Qual(is) o(s) meu(s) papel(is) enquanto professor de artes?” Uma pergunta tão complexa que só agora me predisponho a pensar. Como consequência das minhas pesquisas sobre mediação, me vejo na sala de aula com outras responsabilidades. Estar entre o aluno e a imagem é estar entre sistemas complexos, seres humanos e as visualidades. E se eles querem ser beijados, o que eu estou fazendo ali no meio? Qual o meio termo entre ser inconveniente e forçar uma aproximação entre esses corpos?
   O que se faz com um mês de aula? Quase nada. Já passou um mês, duas aulas, um feriado e uma viagem e não sei o nome de nenhum dos meus alunos. Tem o que não para de rir, o que não para sentado, o que não para em lugar nenhum e o que simplesmente para, mas não sei absolutamente nada sobre essa gente. Amanhã terei minha penúltima aula, momento de finalizar o que recentemente foi iniciado. Longe de ser um drama, talvez o meu dilema: como encarar o ensino e aprendizagem de artes na versão fast-food? 

Um comentário:

  1. Ben, pense nesta tua experiência como uma característica dessa era que estavamos vivendo, tudo está sendo rápido e prematuro. Uma das maiores dificuldades são esses laços, mas imagino que para a turma isso será tenue. Aproveite os poucos momentos que restam para coletar o máximo de dados possível, e se for, possível deixar uma pequena marca em cada um. Jean Oliver

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