O
que se faz com um mês de aula? Muita coisa. Esse semestre atípico trouxe alguns
questionamentos muito pertinentes para que eu pudesse refletir a docência.
Primeiramente, a descentralização dos dilemas e conflitos que anteriormente
estavam focados nos alunos e que agora me trazem para o olho do furacão. A pergunta já não é só “Como despertar o
interesse dos alunos nas artes?” mas também “Qual(is) o(s) meu(s) papel(is)
enquanto professor de artes?” Uma pergunta tão complexa que só agora me
predisponho a pensar. Como consequência das minhas pesquisas sobre mediação, me
vejo na sala de aula com outras responsabilidades. Estar entre o aluno e a
imagem é estar entre sistemas complexos, seres humanos e as visualidades. E se
eles querem ser beijados, o que eu estou fazendo ali no meio? Qual o meio termo
entre ser inconveniente e forçar uma aproximação entre esses corpos?
O que se faz
com um mês de aula? Quase nada. Já passou um mês, duas aulas, um feriado e uma
viagem e não sei o nome de nenhum dos meus alunos. Tem o que não para de rir, o
que não para sentado, o que não para em lugar nenhum e o que simplesmente para,
mas não sei absolutamente nada sobre essa gente. Amanhã terei minha penúltima
aula, momento de finalizar o que recentemente foi iniciado. Longe de ser um drama, talvez o meu dilema: como encarar o ensino e aprendizagem de artes na versão fast-food?
Ben, pense nesta tua experiência como uma característica dessa era que estavamos vivendo, tudo está sendo rápido e prematuro. Uma das maiores dificuldades são esses laços, mas imagino que para a turma isso será tenue. Aproveite os poucos momentos que restam para coletar o máximo de dados possível, e se for, possível deixar uma pequena marca em cada um. Jean Oliver
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