terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reflexão sobre o texto "Corpo, escola, biopolítica e a arte como resistência"


Maria Rita de Assis César Corpo, escola, biopolítica e a arte como resistência (por Benjamin)

       A autora fala sobre os novos programas sociais de combate a obesidade na escola. Já li alguns materiais que tratam do assunto, mas não na dimensão descrita por ela. Não sei se pelo fato de eu viver afastado do “mundo real” por morar numa bolha chamada Universidade, por não ler o caderno “Meu filho” da Zero Hora, não ter televisão em casa ou não ter contato com nenhuma criança/adolescente/jovem a não ser os meus alunos que vejo menos de duas horas por semana, mas ainda não presenciei essa cruzada de especialistas que invadem as escolas, nem na teoria nem na prática. Mas a primeira pergunta que me veio à cabeça foi: de que escolas a autora fala? Recordo que o pastel mais gordo que eu comi na minha vida foi quinta-feira passada na escola Margarida. É claro que a mídia não tem fronteiras, capas de revistas, pessoas lindas, entrevistas com nutricionistas e Facebook entram na maioria dos lares todos os dias e é triste pensar que estamos em 2012 e ainda existem padrões de beleza. Mas tudo isso ainda me parece com aquele programa do Fantástico que passa todo ano: Quanto o seu filho carrega na mochila? No qual o Zeca Camargo ainda fica abismado com crianças de 40kg carregando mochilas de 10kg.
       Também não é novidade que a “cruzada” de especialistas saiam dos consultórios em direção as escolas, tudo acaba indo para escola na política de cortar o mal pela raiz. Quais hábitos são mais fáceis de serem modificados, de uma criança ou de um adulto? De acordo com a lógica, ensinar um filhote a não fazer xixi no tapete é muito mais prático e menos doloroso. E assim todos os especialistas, cientistas e psicólogos adentram o local onde todas as crianças estão reunidas, as escolas. E assim como em ratinhos de laboratórios testam seus produtos, conceitos e trazem também novos problemas. Quem não foi vítima dos dentistas das escolas, ao ter que ingerir quantidades absurdas de flúor todos os dias após o recreio?
           Mas acho muito interessante como ela retoma a “história do corpo” ao trazer Foucault. Toda a ideia de corpo é uma construção, mas foi construída por quem? Uma amiga da sociologia sempre diz: “A medicina é homem, branca, heterossexual e de classe alta”. Essa medicina que decide o que é bom, o melhor e o mais saudável não é neutra. Mas não seria tão radical ao afirmar que a nova anomalia escolar será a criança obesa, pois acredito que cada vez mais as minorias vem ganhando espaço e consequentemente as pessoas fora dos padrões de beleza.Mas concordo que

para Francisco Ortega: “O tabu que se colocava sobre a sexualidade descola-se agora para o açúcar, as gorduras e as taxas de colesterol. Os tabus passam da cama para a mesa. O glutão sente-se com freqüência, mais culpado que o adultero.” (2008: 41).  pg7.

          Essa ciência sem fronteiras que hora legitima que café faz mal, hora diz que café faz bem, hora suspende o açúcar, ainda me assusta. Mais assustador que essa ciência, só as capas da revistas VEJA e seus slogans de impacto, que enaltecem e desprezam anualmente alguns alimentos. Mas uma coisa é certa, o professor de artes tem a faca e o queijo (light) na mão. Arte e corpos se confundem, sejam modernos, contemporâneos ou até os barrocos mais gordinhos. Os alunos até podem dissecar um corpo na aula de biologia, estudar o seu movimento na aula de física, entender suas propriedades nas aulas de química, mas acredito que nesse momento, é na arte que todos os corpos têm vez.

4 comentários:

  1. "mas acredito que nesse momento, é na arte que todos os corpos têm vez." falo e disse =)... Sejamos sensíveis \o =D

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  2. Obrigada Benjamin pelas reflexões sobre o texto.
    abraço
    marilda

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  3. Muito interessante o texto, Benjamin. Recebi nessa semana um bilhete da Professora do Feijão, que diz: "Mediante Avaliação Nutricional foi constatado que o aluno Altemar encontra-se em uma classificação que reflete riscos à sua saúde atual e futura. Gostaríamos que o/a responsável procure, o mais breve possível, a Nutricionista da Unidade para maiores esclarecimentos. Atenciosamente, Direção e Nutrição-Ipê Amarelo 13/11/12". Depois que li teu texto fui correndo procurar o bilhetinho. Hehe!!!

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  4. Bem dito Ben! Esse "assunto" me cansa tanto que engordo só de pensar em escrever sobre... gracias!

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