terça-feira, 13 de novembro de 2012

Algo sobre biopolítica...


O que é (ou pode ser) biopolítica?

Se, no sentido abstrato, política é a arte da retórica utilizada para o convencimento geral de uma ideia e, bios é a própria vida como organismo (biológico), podemos dizer que através da biopolítica somos persuadidos a manter determinados comportamentos em relação à vida? Que diferença existe entre política e biopolítica, afinal?
Se o corpo está sujeito e, portanto, sendo regulado desde o nascimento por “poderes de fora” (mesmo que em condição de dependência), de que maneira superar essa regulação que ultrapassa a necessidade e perfura a intimidade subjugando a singularidade do organismo e as questões psíquicas ou impulsos que "devem ser sublimados" (até quando, até que ponto)?
Penso que uma biopolítica dominante, no sentido das imagens e associando à lógica do confinamento internalizado social, antropo, bio, filosófico e psicologicamente encontra nos corpos desconectados da própria natureza e destituídos da autonomia do pensar, o seu autômato em potencial.
 “Permanece a ideia que é central na formulação original, de que em nome da vida em segurança de alguns, outros deverão desaparecer. A partir dessa premissa do cuidado para com a vida e do governo de populações, em um mundo marcado pelas novas modalidades de controle tecnológico, vemos a máxima biopolítica cada vez mais presente, isto é, a morte e o assassinato em nome da preservação, segurança e otimização da vida.” (Maria Rita de Assis César: Corpo, escola, biopolítica e a arte como resistência, 2007; pág. 84)
Pearl Jam - Do the evolution... (Faça a evolução...(?))
 

 
Que tal se repensarmos sobre esses duvidosos "valores" para controle social da "nossa" biopolítica:
“(...) pois somos constituídos de partículas formadas desde os primeiros segundos do universo, átomos forjados num sol anterior ao nosso, moléculas que se juntaram na Terra; ao mesmo tempo descobrimos a situação excêntrica, periférica, minúscula, não somente do nosso planeta e do seu sistema solar, mas de nossa galáxia no universo, o que nos obriga a reconhecer nossa filiação, nossa insignificância e nossa solidão cósmica.
A ecologia mostra-nos que o desenvolvimento tecnoeconômico leva à degradação da biosfera e das nossas sociedades, das nossas vidas. Tudo isso nos conduz para uma ecosofia, segundo a expressão de Félix Guattari, uma sabedoria coletiva e individual que exige a salvaguarda da nossa relação com a natureza viva. Essa mudança filosófica conduz-nos a uma sabedoria antropológica: renunciar ao controle e à dominação do mundo, estabelecer uma “nova aliança” com a natureza, conforme os termos de Prigogine e Stengers, sabendo que somos filhos e órfãos do cosmos, pois dele nos distanciamos pela cultura e pela consciência. (...)
Há também outra lição a tirar, a lição ética essencial: incorporar nossas ideias em nossa vida. Quantos humanistas e revolucionários nas ideias vivem de maneira egoísta e mesquinha! Quantos emancipadores em discurso são incapazes de dar um pouco de liberdade aos seus próximos! Quantos professores de filosofia esquecem de aprender um pouco de sabedoria! Devemos tentar assemelhar-nos um pouco com nossas ideias.
(...)
Em nível individual, a carência auto ética leva à negligência em relação à experiência vivida. Aquele que esquece a causa dos seus fracassos está condenado a repeti-los. Aquele que esquece a lição da humilhação sofrida não hesitará em humilhar.” (Edgar Morin: O método 6 – Ética, 2005; pág.139)


Pearl Jam - Wishlist (Lista de desejos)
 
 
Eu também desejo.
.Gli.
 

Um comentário:

  1. Eu queria ser um pássaro para voar livremente entre os continentes! Obrigada Gli pelas relações que fizeste com o texto proposto.
    abraço
    marilda

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