domingo, 9 de setembro de 2012

As Vênus - Rafael Aranha

Acredito que meu primeiro passo, meu primeiro desafio, se deu em conquistar a turma, conhecê-los para que as cenas relatadas pelas colegas e pelas observadas por mim em um primeiro momento não se repetissem. Já pensou que loucura?
Contudo/porém/entretanto, as coisas estão se encaminhando melhor do que o esperado, as aulas fluem (de maneira estranha, mas fluem) e os estudantes não apresentam mais algum tipo de resistência às propostas.


 

Como meu projeto gira em torno de problemáticas com relação aos padrões de beleza na sociedade e de que forma podemos discutir tal temática através de imagens e produção artística dos estudantes, levei aos estudantes imagens de algumas Vênus pré-históricas, explanando sobre sua função naquele período. Enquanto isso os estudantes iam argumentando sobre as formas das estatuetas.
O curioso, é que os jovens desta turma se envolvem com o que está sendo mostrado e discutem... entre si. A turma se divide em quatro grupos e tais grupos não se relacionam, os estudantes só conversam e trabalham com os colegas de seu grupo.
Durante os diálogos gerados pelos próprios estudantes sobre o corpo das mulheres representados nas estatuetas, os dividi em quatro grupos (nada de novo, já que esses quatro grupos já estão basicamente divididos como relatado antes), sugeri que pensassem na forma em que as pessoas de seu cotidiano se comportam, como se vestem, que forma física possuem ou buscam. A proposta plástica se deu na construção de um pequeno painel (um por grupo) onde os estudantes pintaram, desenharam, colaram, bordaram, etc. o corpo da mulher do seu cotidiano.














A questão era: se supomos que as Vênus pré-históricas representaram a mulher como possíveis deusas ou simbolo de fertilidade através das estatuetas mostradas, como o corpo da mulher é representado hoje no nosso cotidiano? Ao mesmo tempo, a minha questão é: foi possível utilizar o corpo das estatuetas e o que representavam como meio de discutir o corpo na contemporaneidade? A primeira vista acredito que sim, mas percebo que há algo de errado nisso tudo embora não consiga decifrar o que é.

3 comentários:

  1. Rafa, eu gostei bastante desse teu tema de aula, acho que é algo bem interessante pensar, como usamos nosso corpo hoje... Como ficaram os trabalhos? Parecidos? Tiveram a mesma intenção? Quem sabe aos poucos abrir para uma discussão mais 'coletiva'... Gostei!

    Bjs

    Ana

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  2. As fotos que eu publiquei aqui no blog são do processo na construção dos trabalhos, a principio os estudantes não utilizaram apenas as imagens das Vênus como referência, e sim às conclusões dos componentes dos grupos. A principio considerei a interpretação dos alunos, fiquei com receio que eles fizessem uma simples comparação... o legal foi que os diálogos aconteceram, porem os grupos não interagem. Mas vamos que vamos e ver em que bicho vai dar!

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  3. Oi Rafa, só lembrando que as musas da pré-história são votivas. As mulheres daquele período eram todas bem magrinhas. A obesidade é um fenômeno recente. Na antiguidade, apenas os muitíssimos ricos tinham o privilégio da "gordura", na era rupestre, isso, segundo a arqueologia, não existia. Dessa forma, poderia ser interessante comparar as musas rupestres votivas com as imagens de santas que cultuamos atualmente. Eu fico na dúvida se podemos compará-las com o corpo da mulher "de verdade". Só pensando sobre... Beijos, Luciana.

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